O Dia de Energia discutiu sobre as transições dos sistemas energéticos no Brasil e na Alemanha.

O evento reuniu os especialistas dos dois países para discutir as oportunidades e os desafios de energia renovável.

A segunda edição do Dia de Energia, que teve como tema principal Os sistemas energéticos do futuro, reuniu mais de 80 representantes do setor energético no dia 7 de abril de 2019, quinta-feira, na sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro, e apresentou as contribuições para a transição energética no Brasil. O evento, que é uma iniciativa de cooperação entre o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Ministério da Economia e de Energia da Alemanha (BMWi) e realizada pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), foi promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio).

O Dia de Energia buscou fortalecer ainda mais a parceria entre o Brasil e a Alemanha no setor de energia renovável. Atualmente, o Brasil produz 85% da energia vinda de fontes renováveis, enquanto a Alemanha, que registrou um forte crescimento nos últimos anos, produz 35% - da qual mais da metade é de energia eólica. Durante as sessões, os caminhos percorridos foram apresentados pelos dois países e, no painel de discussão, os participantes debateram as oportunidades de mercado e os desafios impostos pelas transições dos sistemas energéticos.

Na ocasião, o MME e o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) apresentaram o Selo Procel, um programa de apoio a startups cujo objetivo é acelerar as soluções para a Eletrobras com a implantação de um centro de inovação aberta.

Além disso, o site da Parceria Energética Brasil-Alemanha foi lançado, com informações sobre o programa de cooperação técnica e as ações desenvolvidas.

Sessões

Na primeira sessão, Philipp Hauser, diretor da Agora Energiewende América Latina, e Luiz Barroso, CEO da PSR e presidente do E + Panel Institute, falaram sobre as mudanças nos sistemas energéticos no Brasil e na Alemanha. Segundo Hauser, a pesquisa realizada pela Agora mostrou que há um terreno em comum para a transição energética dos dois países: somente com um diálogo inclusivo é possível criar uma política estadual de longo prazo, além de um ambiente jurídico e regulatório claro ser necessário para reduzir os custos de expansão e a regulamentação de energia renovável. "Se tudo isso for bem estudado, perceberemos que é uma grande oportunidade econômica para o Brasil", afirmou.

Para o Barroso, o Brasil já está à frente porque já possui uma matriz renovável e pode utilizar as tecnologias desenvolvidas em outros países, mas é importante criar metas para a transformação de energia e torná-la economicamente eficiente: "As energias renováveis redefiniram a diferença de conhecimento, as políticas públicas e a regulamentação em todos os países. [...] Isso nivelou o campo de atuação e fez com que a cooperação, como Brasil-Alemanha, desempenhasse um papel fundamental".

Durante a segunda sessão, Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e Markus Merkel, consultor sênior da Merkel Consulting, discutiram sobre a estrutura tarifária. O desafio principal para os países é planejar e preparar-se para a digitalização e os novos modelos sem se esquecerem do consumidor final, fortalecendo a comunicação sobre o valor real da energia e valorizando os chamados "prossumidores", usuários da rede que agora também produzem energia. "Não cabe a nós prever o futuro, mas prepará-lo, com políticas, regulamentação e projeto de mercado, para que este sistema seja funcional e justo na alocação de custos e riscos", resumiu Barral.

No painel de discussão, houve a participação de quatro representantes: Philipp Hahn, da AHK Rio; Alexandre Lopes, diretor técnico da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (ABRACEEL); Marco Delgado, diretor técnico da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) e Tiago Barros, presidente da RegE Barros Correia Advisers e ex-diretor da ANEEL.

No encerramento, realizado pela diretora de assuntos internacionais da BMWi, Ursula Borak, e pelo diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético (DDE) do MME, Carlos Alexandre Pires, destacou-se a importância do evento não apenas para os dois países, mas também para expandir a participação da sociedade no debate sobre energia. Embora a história dos dois países seja diferente, os objetivos energéticos são parecidos e têm em comum o objetivo de melhorar o sistema com soluções também economicamente sustentáveis, afirmou o diretor da BMWi.

Impressões do Dia de Energia 2019

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